XAPLIN

A Espécie Humana


Há de fato uma natureza humana, um homo natural, tantum, quando a linguagem falta ou quando um vazio se abre e a gente se mantém no limite, a beira da fenda no abismo.


René Schérer


Há milhões de anos, uma espécie desacochegava-se do seu Nicho natural e partia em busca de segunda natureza. Um intelecto refletia, inventou-se o colóquio, a interrogação e a prece. O humano e sua fala, sujeito e objeto das Ciências Humanas! Sede de vozes. Quem era capaz de inserir-se em tantas expressões de conhecimento? Fluxos de desinteresse fatiaram o humano. Houve solidão nesta jornada, vinculada a Dionísio e Apolo. Milhões de muitos bilhões de indivíduos repetiram esta experiência, cantam à alegria e o sofrimento de seu labirinto, limitado entre o nascimento e a morte, estética de existência condicionada ao eu-para-si e para o autovivenciamento.As esculturas de Adriana Xaplin reconstroem com ousadia e sem modismos caminhos e labirintos de conexões de uma espécie que exige um corpo como experiência. Obras que existem por si. Estética que captura a potência de um ser sensível e puro que busca na outra forma possível o retorno para as possibilidades de vida. Na cartografia da exposição revelam-se fendas e micros fendas de um “nevous sistem” que comportam um estado infinito de ondas, transformações, deslizamentos e velocidades das vivências da artista. Mãos calejadas que em tantos signos e expressões convidam o público a brindar o devir mágico de ser espécie.

Espécie Finitamente Humana.

Lisete Bertotto

Escritora

www.xaplin-especiehumana.blogspot.com